Segundo relatório da própria empresa, a participação das Américas na receita global da Giant caiu de 21% em 2019 para 8,6% em 2024 – vendas de produtos premium da marca estão em alta
Ao que tudo indica, o mercado mundial de bicicletas — inclusive o brasileiro — segue em fase de adaptação. Segundo artigo do site Bicycle Retailer, as vendas da Giant, maior fabricante de bicicletas do mundo, caíram significativamente na América do Norte, enquanto cresceram expressivamente na Ásia, especialmente na China. Os números incluem tanto as vendas da marca própria quanto as realizadas como fornecedora de equipamentos originais (OEM).
As informações, retiradas do relatório anual da marca em 2024, mostram que a participação das Américas na receita global da Giant caiu de 21% em 2019 para 8,6% no ano passado. No mesmo período, a fatia da Ásia subiu de 24% para 44%. Já as vendas na Europa oscilaram menos, passando de 37% em 2019 para 34% em 2024.
Queda na receita operacional, aumento nas vendas premium
Apesar do crescimento na Ásia, a taiwanesa Giant faturou menos em 2024 em comparação com o ano anterior. A receita operacional da empresa caiu 7,4%, totalizando cerca de US$ 2,6 bilhões.
Segundo Ken Li, porta-voz do grupo, a queda nas vendas nas Américas foi impulsionada, em parte, pela diminuição na demanda por bicicletas de entrada vendidas nos Estados Unidos. Por outro lado, as vendas de modelos premium da Giant e de outras marcas aumentaram.
Isso quer dizer que, ao que tudo indica, comercializar produtos de gama mais elevada continua sendo uma boa estratégia para algumas marcas, mas será que isso vale para a sua loja de bicicletas?
“Para trabalhar com produtos mais caros, é preciso ter mais poder de investimento para montar o estoque. Porém, é importante ressaltar que esse tipo de produto pode demorar mais para sair da prateleira, já que é uma venda segmentada”, afirmou Marcio Gobe, gerente de vendas da Corsa Bike Parts.
“Por outro lado, bikes e produtos de valor menor vão oferecer um retorno menor, porém o ganho no giro do caixa costuma ser maior. Então, tudo é uma questão de observar o mercado e também a situação da sua loja, para fazer a escolha mais acertada”, complementou.
Redução nos estoques
Certamente, um dos maiores desafios enfrentados pela indústria da bicicleta desde o fim da pandemia é o acúmulo de estoque, resultado da superprodução combinada com a queda no consumo nos últimos anos.
Felizmente, ao menos para a Giant, a situação começa a se normalizar. A marca registrou uma baixa de 1,9 bilhão de dólares taiwaneses relacionada a estoques no último ano, mas afirmou que o cenário melhorou e que o nível de estoque ao fim de 2024 já está abaixo dos patamares de 2019. A relação estoque/ativos caiu de um pico de 44% para 34%. O financiamento desse estoque exigiu empréstimos com juros elevados, o que pressionou os lucros.
A empresa também destacou que os cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve dos EUA e os cortes esperados pelo Banco Central Europeu devem facilitar o financiamento dos estoques em 2025.
A situação também foi favorecida por mudanças nas taxas de câmbio: a valorização do dólar americano e do euro frente ao dólar taiwanês beneficiou as exportações da marca. Além disso, um iene mais forte impulsiona as vendas ao Japão, mas eleva os custos com fornecedores japoneses.
A Giant informou ainda que passou a reajustar automaticamente os preços cobrados aos clientes quando a variação cambial ultrapassa certos limites. Além disso, a empresa também mantém “quantidades adequadas” de moedas estrangeiras como reserva.
E na sua loja de bicicletas, os clientes procuram mais por modelos de alto desempenho ou por opções mais básicas?
Conte pra gente nos comentários!”